
BRINCADEIRAS
“O homem chega à sua maturidade quando encara a vida com a mesma seriedade que uma criança encara uma brincadeira.” (Nietzsche)
A BRINCADEIRA COMO UMA PRÁTICA ESCOLAR TRANSMISSORA DE CULTURA
Aulas: 17 e 24.03.2017
Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade, transmissão de conhecimento e da autonomia. A possibilidade da criança, desde muito cedo, se comunicar por meio de gestos, sons e, mais tarde, representar determinado papel durante o brincar, potencializa o seu desenvolvimento como sujeito. Brincar é uma significação da nossa cultura. A brincadeira pode trazer aprendizados para o futuro, mas é preciso valorizar as experiências e significados que ela agrega no presente.
É importante apontarmos algumas preocupações do olhar pedagógico sobre o brincar:
Propor sempre brincadeiras inclusivas a todos, equilibrando as relações e os papéis sociais, sem confundir diferença com desigualdade;
Propiciar a vivência, permitindo que o brincante a signifique e a transforme, apropriando-se das práticas;
Entender a importância do desafio a até mesmo da competição durante o lúdico (aprender e deixar aprender a perder);
Entender a importância do brincar por si e do aprender o código da brincadeira por ela mesma;
Debater com os brincantes, problematizando ao invés de banir;
Reforçar aos brincantes que o espaço é coletivo, que a pluralidade o enriquece, e que práticas preconceituosas, ofensivas e agressivas não serão aceitas na escola.


APOIO TEÓRICO PARA PENSARMOS O CORPO E A INFÂNCIA
Aulas: 17 e 24.03.2017
Pensar em brincadeiras é refletir sobre os corpos dos estudantes e sobre a infância, principalmente como futuros pedagogos. Ao estudarmos as práticas corporais, fomos remetidos a pensar não apenas a violência escolar sobre a criança, mas principalmente a violência que os corpos infantis sofrem fora da escola, cometida pelo Estado e pela sociedade, e em quais condições esses alunos chegam à aula.
Propositalmente, nosso primeiro texto foi “Corpos Precarizados que Interrogam nossa Ética Profissional”, de Miguel Arroyo, que nos provoca a entender os corpos com os quais nos relacionamos dentro e fora do contexto escolar (o que eles nos falam) e pensar a nossa ética profissional embasada no respeito, cidadania e direito à vida, em meio a uma realidade com extremos sociais tão distantes. Falamos ainda, a partir dos vídeos assistidos em aula, sobre a invisibilidade de crianças e corpos, cuja dignidade é vetada. E é nesse momento de reflexão que começamos de fato a estudar as práticas com o texto “O Ensino das Práticas Corporais na Escola”, de Marcos Garcia Neira, nosso professor desta disciplina.
VIVÊNCIAS COM BRINCADEIRAS
Aulas: 31.03 e 07.04.2017
Segundo a interpretação atual, a cultura regula todas as relações sociais. O brincar é uma das primeiras práticas culturais a qual temos contato. Essa prática é reafirmada nas relações, por isso, toda vez que uma brincadeira passa de geração em geração, ela é ressignificada.
O ato do brincar não pode se tornar burocrático. Ele nem mesmo é assumido plenamente quando não é horizontal, pois o brincar precisa estar contextualizado, permitindo à criança “viver a realidade da brincadeira”. Nós temos que lembrar sempre de não impingir o significado e a lógica que os brincantes atribuem à brincadeira, ainda mais se forem diferentes dos nossos.
Durante as aulas que tivemos de vivência, toda a turma teve a possibilidade de vivenciar brincadeiras inspiradas na infância. A experiência coletiva foi mais importante ainda porque cada grupo teve a oportunidade de propor uma brincadeira e, conforme ela ocorria, conseguimos notar como uma brincadeira pode ser alterada ou ressignificada conforme a experiência idiossincrática de cada pessoa.
No caso do nosso grupo, propusemos a brincadeira de Morto-Vivo. As duas rodas que foram formadas iniciaram com a brincadeira original de se abaixar quando o mestre, no centro da roda, dizia "morto" e de ficar em pé quando dizia "vivo". Após algumas rodadas desse modo, a brincadeira foi tomando outras proporções para que a mesma ficasse mais divertida e, assim, novas formas de brincar foram criadas coletivamente, por exemplo: o mestre fazia a posição do corpo contrária à palavra "morto" ou "vivo" que era dita, a brincadeira era feita em roda, e era acrescentada uma terceira opção de posição totalmente diferente às clássicas abaixado ou em pé (como pulando ao gritar "pipoca" e girando com "panela de pressão").

GALERIA DE BRINCADEIRAS
(Registro em imagens dos dias de vivência de brincadeiras, no Salão Nobre da Escola de Aplicação da USP, em 31.03 e 07.04.2017)
![]() IMG_20170331_220008.jpgEstudantes da disciplina em roda com o professor Marcos Neira. | ![]() IMG_20170331_202721.jpg | ![]() IMG_3258.jpegBrincadeira em duplas, guiando um brincante de olhos fechados para andar pelo espaço, criando códigos sonoros para indicar cada direção. |
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![]() IMG_3259.jpegHuya, uma brincadeira chinesa com imitação de animais (dragão, tigre, serpente, coelho e garça). | ![]() IMG_3261-1.jpegExplicação da brincadeira de Corre Cotia. | ![]() IMG_3262.jpegBrincadeira de Morto-Vivo em roda. |
![]() IMG_3263-1.jpegBrincadeira de Morto-Vivo reinventada com novas posições (pipoca e panela de pressão). | ![]() IMG_3268.jpegLeitura em grupo do capítulo sobre Brincadeira de Elástico do livro "Giramundo e Outros Brinquedos e Brincadeiras dos Meninos do Brasil", de Renata Meirelles. | ![]() IMG_20170407_212807.jpgBrincadeira de Elástico ao estilo argentino, segundo o livro "Giramundo". |
![]() IMG_20170407_212812.jpgBrincadeira de Elástico explorando diversos níveis (elástico nos tornozelos, nos joelhos, na cintura, no pescoço e acima da cabeça). | ![]() brincar 2.png |
VÍDEO DE BRINCADEIRAS
(Registro em vídeo da vivência com a brincadeira do Elástico, no Salão Nobre da Escola de Aplicação da USP, em 07.04.2017)