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GINÁSTICAS

“(...) o controle da sociedade sobre os indivíduos não se opera simplesmente pela consciência ou pela ideologia, mas começa no corpo, com o corpo. Foi no biológico, no somático, no corporal que antes de tudo investiu a sociedade capitalista. O corpo é uma realidade biopolítica.” (Foucault)

Ginásticas: News
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CULTURA CORPORAL – GINÁSTICA

Aulas: 19 e 26.05.2017

Na aula relembramos que Cultura Corporal é como a prática de determinada atividade corporal muda de acordo com a cultura a qual está inserida. E que estas práticas estão em constante mudança, pois a sociedade está em constante mudança. A ginástica como conhecemos teve grande influência francesa, mas antes de discutir como é a ginástica atual, vamos conhecer um pouco de suas mudanças ao longo do tempo e da influência da cultura na prática da ginástica.

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A GINÁSTICA PARA OS GREGOS :

Aulas: 19 e 26.05.2017

No início a ginástica era uma prática espiritualizada e para sua execução os praticantes recebiam uma túnica que lhes cobria o corpo. A palavra ginástica vêm do grego gymnikos que significa corpo nú. Os exercícios eram de força ou qualquer outro que fatigava, não eram exercícios sistematizados como hoje conhecemos e praticamos. Para os gregos ser saudável era se sentir bem. A estética da realização dos movimentos: todo o desempenho para o corpo é o desempenho para a alma. Portanto a ginástica tinha fins religiosos, além de físicos e por fim com a prática continuada da ginástica o indivíduo era levado a disciplina.

Mudança no entendimento do corpo: na idade média, o corpo começou a ser entendido como a fonte do pecado, e as práticas corporais para o prazer ou sem um fim útil para o trabalho passou a ser mal visto, bem como o circo que apesar de dar origem a alguns movimentos da ginástica, por serem para diversão do público eram desprezados. No século XIX há uma reinvenção da ginástica, com as transformações que estava ocorrendo na sociedade europeia, os exercícios e sua prática foi repensada, e a prática passou a ser uma forma de controle do Estado sobre os indivíduos. A prática da ginástica tinha uma utilidade que era para preparar os corpo para trabalho e para a guerra, também nas escolas passou a ser aceita, mas não obrigatória, pois os exercícios repetidos conduzia os alunos a disciplina tão desejada como postura em sala de aula, é interessante constatar que a expressão tanto ouvida em algumas escolas hoje em dia em nosso país, que é a postura de estudante, tem relação a essa reinvenção da ginástica, ora a ginástica reinventada induzia a disciplina e ao silêncio, bem como a retidão dos corpos a uma postura corporal ereta, onde não era permitido nada solto ou largado.

Nisso entramos em Germanismo Pedagógico, que como já mencionado anteriormente afirmava que um corpo educado pela ginástica, além de o deixar ereto também levaria a um raciocínio mais rápido a respostas mais rápidas, a repostas morais; esse modelo teve origem na Alemanha. A ginástica também passou a ser medida, quantos exercícios de cada tipo e qual duração se deve ter, com isso passou-se a ter obsessão pela medida, não era simplesmente se sentir bem e sim ser o melhor ou o mais forte na prática. A ginástica não era mais performática, ela tinha um propósito, quanto mais fortes e ágeis os corpos tanto melhor para a indústria uma vez que esse funcionário produziria mais e melhor; para o exército soldados mais fortes e preparados para a guerra,então com o incentivo do Estado e da burguesia, essa ginástica foi difundida e ganhou outras atribuições utilitárias, como: a transformação do corpo -  as mulheres desejavam ter o corpo ereto e de acordo com os padrões de beleza impostos pela sociedade (ainda hoje é assim), os homens também perseguiam a força e a virilidade.

Assim, podemos refletir sobre as práticas da ginástica hoje em nossa sociedade e encontrar muita semelhança com o que foi feito no século XIX, ainda estamos atrás de um padrão de beleza aceitável, nas ruas podemos ver homens saindo da academia com o corpo esculpido pela musculação e uso de substâncias que promovem o crescimento do músculos, mas é um tanto duvidoso quanto aos benefícios para a saúde. Também não podemos deixar de mencionar os uso das máquinas para a postura ideal, já lá no século XIX havia maquinários para corrigir as deficiências posturais do corpo, afinal o corpo tem de ser ereto. E ainda hoje com a fisioterapia e a ortopedia utilizamos destes mecanismos, máquinas e exercícios para corrigir desvios na coluna, coletes que as crianças e adolescentes usam para manter a postura adequada ou até mesmo cintas e elásticos que ajudam os adultos a se manterem eretos e evitar dores.

Tipos de ginástica:

- Ginástica Construída: musculação, alongamento, spinning - séries de repetições com o objetivo de modelar o corpo, feita com aparelhos e acessórios.

- Ginástica natural: feita somente com o corpo, se confunde com  uma dança, imita os animais e pode ser realizada por todas as pessoas.

- Ginástica funcional: Alterna habilidades físicas com habilidades motoras, garante com que o indivíduo não perca o controle sobre o próprio corpo.

- Ginástica geral: Ginástica de demonstração, normalmente é acompanhada por um tema e pode ser realizada por todos.

- Ginástica laboral: realizada para aumentar a produtividade do trabalhador.

- Ginástica artística: É a antiga ginástica olímpica e utiliza aparelhos como barra, argola, etc.

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E NA ESCOLA? – VIVÊNCIA

Aulas: 19 e 26.05.2017

A escolha da vivência da Ginástica Rítmica Demonstrativa se deu, pois de acordo com o mapeamento da sala foi a que apareceu em todos os grupos, portanto, é uma prática que tivemos contato na infância, e na vivência além de relembrarmos o que aprendemos na escola, as práticas passariam por uma ressignificação e assim poderemos refletir em como utilizar essas ginásticas na escola com nossos alunos. A escolha destas ginásticas também está relacionada à afirmação de Neira: “Também é razoável que grande parte das crianças da turma já tenha assistido apresentações de ginástica artística ou rítmica pela televisão” (NEIRA, 2014, p.169). Ou seja, nossos alunos, pela televisão também já tiveram contato com essas práticas e com isso experimentar, vivenciar a ginástica enriqueceria suas percepções sobre as ginásticas rítmica e artística.

Como discutido desde o início do curso, as práticas corporais tem que promover a interação entre os alunos e não deve haver exclusão de nenhum participante, o grupo tem que trabalhar em conjunto para a realização da atividade proposta.

Fizemos exercícios de solo e com a fita, para a prática fomos divididos em grupo, pelos recursos disponíveis e também para promover essa interação entre o grupo. Nos grupos os integrantes que já conheciam a prática ensinaram o que sabiam e auxiliaram os menos habilidosos na sua execução. Todos foram envolvidos na execução, pois depois dos colegas nos apresentarem os movimentos como: estrela, rolamento, parada de mão... Construímos juntos uma coreografia, que para não ser excludente cada participante desenvolveu o que fazia de forma mais confiante e mais confortável, não fomos pressionados ou obrigados a executar coisas que não conhecíamos bem, isso foi muito positivo, bem como o auxílio dos colegas mais experientes, uma vez que tínhamos medo de realizar certos movimentos, mas com o apoio do outro tudo se tornou mais fácil.


Essa possibilidade de criar coreografias comprova que a ginástica é uma prática de cultura corporal: “A definição da ginástica como tema de estudo implica na sua consideração enquanto prática da cultura corporal, ou seja, como um texto passível de leitura e produção por parte das crianças” (NEIRA, 2014, p.169). Nas vivências fomos desafiados e incentivados a criar coreografias com o que havíamos aprendido nesse momento de criação se deu a nossa leitura sobre a prática, nós usamos como referência nosso conhecimento, com isso também reafirma que a criança é produtora de cultura, uma vez que assim como na nossa vivência, nas escolas, serão os alunos, as crianças que irão construir coreografias e significados próprios para a prática da ginástica artística e rítmica.

Já com as fitas, a maioria nunca havia utilizado, então pudemos experimentar as possibilidades de movimento que a fita nos proporcionava, com a criação da coreografia um dos grupos cantou uma música e executou movimento com as fitas, já no outro grupo um dos alunos tinha uma música de festa junina no aparelho celular, então a coreografia foi como uma quadrilha com fitas e também com uma manifestação política, manifestação que fazia menção ao presidente e a escola sem partido, de certa forma, pensamos em desafiar essa ginástica que o Estado impôs como forma de controle dos corpos e a utilizar para nos manifestar de forma criativa e prazerosa.

A ginástica na escola tem que ser proposta aos alunos de forma a desconstruir preconceitos sobre corpos, de forma que cada aluno contribuía e se sinta encorajado a continuar, sem piadas sobre suas limitações ou condição física, a ginástica tem que ser uma forma de interação social de levar os alunos a questionarem o que a sociedade nos impõe, a pensar de forma autônoma e a ter prazer na atividade física, desta forma continuaremos a transformar a cultura corporal, pois nossa sociedade está em constante mutação, bem como nossa cultura.

           

Outra experiência que tivemos nessa e em todas as nossas vivências, foi a roda de conversa no término, desta forma compartilhamos nossas sensações e aprendizados durante a vivência, também como sugestões e impressões, esse momento de partilhar também deve ser feito na escola “ Quando a turma estiver acostumada a sentar-se para conversar sobre as vivências, sempre surgirão ideias para reformulação e organização da prática. “ (NEIRA, 2014, p. 174).


A vivência foi enriquecedora, uma vez que ressignificamos as práticas da ginástica artística e rítmica, bem como nos ofereceu maneiras de trabalhar essas práticas com nossos alunos, de forma que eles sejam protagonistas da prática, que eles possam construir o aprendizado e que os prepare para se tornarem cidadãos autônomos e atuantes na sociedade.

GALERIA DE GINÁSTICAS

(Registro em imagens da vivência de ginástica, no Salão Nobre da Escola de Aplicação da USP, em 26.05.2017)

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VÍDEO DE GINÁSTICAS

(Registro em vídeo da vivência com a Ginástica Rítmica Demonstrativa, no Salão Nobre da Escola de Aplicação da USP, em 26.05.2017)

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